Exú é a figura mais controversa do panteão afro-brasileiro pois, contém, em sí mesmo, o bem e o mal sendo, portanto, o mais humanizado dos orixás. Esse orixá tem a capacidade de amar e odiar como têm os humanos e também, de provocar paixões, intrigas e confusões.
A magia, o poder a sexualidade, a transformação e a união são por ele regidas
Como o deus Hermes, dos gregos, Exú atua como o psicopompo fazendo a ligação entre os dois mundos, o divino e o avernal; o Orum e o Aiê que, na psicologia profunda, significa fazer a ponte entre o consciente e o inconsciente.
A ele são consagrados os caminhos, as encruzilhadas, o comércio; pois com sua esperteza é um exímio negociante ; e da proteção das casas.
No Brasil o sincretismo de Exu se dá com o diabo dos cristãos, pois o descrevem como um orixá cruel e impiedoso, lascivo e luxurioso.Isso ocorre em função a dicotomia,entre o bem e o mal, dessas religiões. Mas, na realidade é ele quem traz à tona todos os aspectos sombrios da psique humana quer sejam da individual, quer sejam da coletiva.
No Candomblé todas as oferendas e sacrifícios são ofertados primeiramente a Exú.
Segundo o mito, Exú perdeu, numa contenda com Oxalá,a cabaça na qual guardava os seus poderes mágicos tornando-se, assim, seu servo. Em função disso recebeu de Oxalá o privilégio de ser o primeiro a receber as homenagens em todos os trabalhos realizados nos terreiros.
Os filhos de Exú tem uma personalidade ambivalente e imprevisívél pois, de dóceis e compreensivos pode se tornar extremamente violentos e intrigantes. São vingativos e não aceitam qualquer desfeita. Gostam da rua, de passeios, viagens, jogos e bebidas.
Suas cores são o preto e o vermelho e o seu símbolo é Ogó na forma fálica. Tem a terra e o fogo como seus elementos.
2) ÒGÙN (Ogum) – Ògún-ieé!!
O primogênito de Oduduá é o grande orixá das conquistas, dos domínios, das guerras e, também, da metalurgia e tecnologia.
Foi ele quem ensinou aos homens o trabalho com os metais e a produção de ferramentas para que dominassem a natureza, produzindo alimentos e fazendo construções e,também, as armas para as guerras.
Como o deus Ares, dos gregos é extremamente violento e devastador. Todos o temiam. As guerras, e as conquistas eram o seu passatempo.
Também pode ser associado a Hefesto, pelo seu domínio sobre a metalurgia, de uma forma geral.
No sincretismo cristão é adorado como São Jorge, na região sudeste do Brasil, e como Santo Antônio, na Bahia.
Os indivíduos regidos por Ogum são pessoas fortes impetuosas e arrogantes, porém, são extremamente verdadeiros. Vão da explosão à calma e são combativos e adorando uma contenda, seja de que forma for. Por triunfar onde outros não conseguem tudo aquilo que querem é conquistado. São sensuais e criativos.
Suas cores são o verde ou o azul escuro e, tem o ferro, como o seu elemento
3) Òsóòsi (Oxóssi) - Òké-Aro!!!Arolé
Senhor das florestas e de todos os seres que nela habitam, Oxóssi, representa a fartura e a riqueza e, tem como símbolos o arco e a flecha. Como caçador, uma das formas mais arcaicas de sobrevivência, é quem funda as aldeias e cidades sendo, portanto, o dono das terras e, tendo ,assim, autoridade sobre os futuros habitantes do lugar. Representa, também, o domínio da cultura em relação à natureza através da sua flecha que é uma ferramenta de utilidades mágica e religiosa.
Oxóssi tem como atributos a astúcia, a cautela, a calma e a inteligência pois, como só possui uma flecha nunca poderá errar o alvo. Ele é o melhor naquilo que faz pois, sempre busca a perfeição.
Junto com seu irmão, Ogum, dominam as florestas e levaram a civilização aos homens.
É, também , amigo de Ossaim, que lhe ensinou a arte da cura com as folhas e os segredos das florestas tornando-se assim, um grande feiticeiro.
Avesso à morte, para ele não importa o quanto se viva desde que se viva bem,pois não acredita na morte
Um filho de Oxossi apresenta-se como um indivíduo esperto e rápido no raciocínio e está, também, sempre alerta aos movimentos. Além disso é bastante responsável e tem um cuidado especial para com a sua família. No geral é amigo e generoso mas,como tem muita iniciativa na busca de novas descobertas muitas vezespode deixar de lado a vida doméstica calma e harmoniosa porém, é honesto e trabalhador.
4) Obaluaê (Omulú) – Atotoó!
O filho de Nanã Buruku, nasceu com o corpo coberto de chagas e pelas pústulas da varíola. A mãe então o abandonou numa praia deserta e, aí perecesse. Atacado por caranguejos foi salvo por Iemanjá que por ali passeava
Iemanjá envolveu-o em folhas de bananeira e curou suas feridas. Obaluaê, cresceu forte e bonito e seu rosto ficou mais iluminado do que o sol. Por isso fez um capuz de palhas-da-costa (azê) para cobrir o rosto e não ofuscar quem para ele olhasse.
Podemos associá-lo com Quiron, dos gregos, que é o curador cujas feridas não são curadas. O curador é aquele que cura aos outros, menos a si mesmo!
Os elementos de Obaluaê são a terra e o fogo do seu interior, oque faz com que haja a sua relação com a vida e com a morte.
Obaluaê é aquele que cura a todos que o buscam, com esse pedido, principalmente aqueles mais pobres.
Por um lado, os filhos de Obaluaê são muito pessimista e teimosos e gostam de mostrar os seus sofrimentos a todo o mundo. Como também são bastante depressivos têm dificuldades em achar graça em qualquer situação da vida e sempre sofrem muito para atingir os seus objetivos pois, nada para eles está bom. Também, são bastante ordeiros e organizados e nunca levam um desaforo sem dar, uma resposta na mesma hora. Acham, também, que somente eles sofrem e que são incompreendidos pelas pessoas. Isso os torna amargos reprimidos e vingativos.
Por outro lado têm outras qualidades que podem compensar os seus defeitos: São amigos amorosos e verdadeiros, também, são prestativos e trabalhadores. Ao abraçar uma causa tornam-se extremamente radicais.
5) Òsùmàrè ( Oxumarê) – A Run Boboi!!!
Tendo como elementos o Céu e a Terra, Oxumarê é o orixá que rege todos os ciclos e movimentos da vida. Dizem que se Oxúmarê perder as suas forças todo o Universo perecerá pois todo o seu movimento cessará. Portanto, Oxumarê jamais deve ser esquecido pois, caso em contrario, com os fim dos ciclos o mundo perecerá.
Morando no Céu, o orixá vem à Terra na forma de arco-iris. Ele é a grande cobra que envolve o nosso planeta e o céu, assegurando a unidade e a renovação de todo o Universo.
O filho de Nanã Buruku, e irmão de Obaluaê, é um orixá masculino que contém em si o masculino e o feminino, isto é, ele é o responsável por perpetuar o ciclo da vida que necessita dos dois elementos. É visto por alguns como um deus ambíguo, macho e fêmea, pertencente à água e à terra que exprime a união dos opostos que ao se atraírem proporcionam a manutenção do universo e da vida.
Oxumarê é quem faz a síntese da duplicidade de todo os seres vivos: mortal no corpo e imortal na alma.
Os filhos de Oxumarê são pacientes e persistentes em relação àquilo que desejam e, não medem nenhum tipo de esforço para atingir os objetivos. Conforme a situação financeira podem ser extremamente ávaros ou generosos. Têm um temperamento agitado e são muito observadores, como o são as serpentes, e buscam sempre o equilíbrio e a harmonia. Apresenta-se, também, como a Uroboros, na ligação do consciente com o inconsciente.
Esses indivíduos buscam sempre a mudar e renovar a própria vida. Isso vai, desde uma simples mudança de casa, até a mudança de religião ou de posição política. Essas mudanças são sempre muito radicais.
A eloquência e a inteligência são as armas que usam quando atacam ou se defendem.
6) Sàngò (Xangô) – Kawó Kabiesilé!
Xangô, o Grande Rei, é tido como um déspota pois para ele o poder é tudo. É o rei absoluto, forte e invencível que adora desafios e, a todos domina e submete. É um orixá bonito, vaidoso, galante, conquistador, e amante irresistível, teve para si todas as mulheres as quais quis porém, é extremamente justo. Teve como esposa as orixás Iansã, Oxum e Obá. Podemos equipará-lo ao deus Zeus, dos gregos.
Sendo mais poderoso que a própria morte própria é Xangô quem decide sobre a vida de todos , sendo que sobre a sua vida e morte somente ele tem poder.
Com uma boa estrutura óssea e porte físico avantajado, os filhos de Xangô, são bastante fortes e possuem uma boa auto-estima. Esses indivíduos têm consciência de si mesmo e por isso sempre tem uma postura respeitável e importante além de sempre ter companhia das pessoas, mesmo sentindo-se solitário. São austeros com as suas finanças mas jamais cometem uma injustiça sequer. Também, são amantes esplendorosos e, vivem cercados de amantes. O poder e o saber são objetos de sua vaidade.
7) Òia (Iansã) – Epahei!
Orixá das tempestades, dos ráios, das ventanias, do fogo e da morte, Iansã é a união dos elementos contraditórios pois nasceu da água e do fogo. Guerreira por vocação sempre está nas batalhas do dia-a-dia, lutando pelo que é seu. Conquista sempre aquilo que quer seja nas batalhas da vida ou na sensualidade do amor pois, são nesses fatos que ela encontra a felicidade.
Mulher avessa as labutas internas do lar está sempre lutando, lá fora, pela conquista do sustento dos seus filhos
Sensual e provocante Iansã quer o homem não para sustentá-la mas, sim, para amá-la.
Os filhos de Iansã são pessoas muito audaciosas, autoritárias,batalhadoras, mas são também, ciumentas, vaidosas, sensuais e volúveis, chegando, comumente, a ter diversos parceiro e ás relações extraconjugais.
8) Òsum (Oxum) – Eri Yéyé ó!
Oxum a rainha de todos os rios, mulher de Xangô, é a mãe da doçura,da benevolência e protetora de todas as crianças, até que adquiram a independência além, de ser a dona de todas as riquezas. Esta orixá vaidosa, generosa e digna é a responsável pela fecundidade das mulheres e de todas as fêmeas, sendo também, a detentora de todo o poder do feminino. É a mais sensual e bela de todas as orixás!
Oxum poder ser vista como Afrodite, dos gregos, no seu aspecto de sedução e beleza e, à Deméter quando da fecundidade e a maternidade.
Os filhos de Oxum são vaidosos e elegantes e gostam de jóias e perfumes. São, também, bonitos e sensuais. As mulheres filhas desta orixá são excelentes donas de casa, que cuidam e protegem o lar.
9) Òbá (Obá) – Obá Siré!
Senhora do fogo e das águas revoltas, Obá, uma das três esposas de Xangô, é uma grande guerreira mas, é pouco feminina. Ela tem um forte temperamento e, é muito possessiva e carente. Neste aspecto podemos compará-la à deusa Hera dos gregos.
Esta orixá tem plena consciência dos poderes do feminino , e luta pelos seus direitos submetendo-se apenas ao homem a quem ama. Obá pensa com o coração em vez da razão
Suas filhas são mulheres valorosas mas, incompreendidas. De aparência viril, são voltadas para as atividades feministas em consequência das experiências controversas no amor. O insucesso, dessas filhas de Obá, está ligado ao ciume mórbido que lhes corrói as entranhas. Em função disso as frustrações do amor, são compensadas pelos bens materiais, onde a avidez do ganho e o cuidado para que nada se perca dos seus bens, é que lhes garante o aparente sucesso.
10) Ewà (Euá) – Ri Ro Ewà!
A filha de Oduduá,que era um pai possessivo, foi seduzida por Xangô. Isso provocou em Oyá uma tremenda crise de ciume e raiva, o o que fez com que Euá escondesse nas matas protegida por Oxossi. Sob a proteção desse orixá tornou-se uma caçadora habilidosíssima e uma guerreira destemida.
Arrependida pelo intercurso com Xangô pede ao pai, Oduduá, que a esconda dos homens. Assim, é enviada ao cemitério para trabalhar junto a Iansã e Obaluaê, na recepção aos mortos.
Essa ida para o cemitério está ligada a renúncia da própria sexualidade em favor de se colocar ao lado do pai para, como a Atená, dos gregos. Euá protege tudo aquilo que é virginal, das mulheres às matas e rios.
Seus filhos são pessoas de exótica beleza e que possuem uma tendência a duplicidade sendo arrogantes em determinados momentos muito simpáticas em outros. Também podem apresentar-se como a jovem pura e inocente ou a mulher madura e experiente. Ostentam roupas bonitas e vistosas e estão sempre na moda. Sáo apegadas à riqueza, além de adorarem os elogios e galanteios.
11) Logùn Odè (Logunedé) – Logun ô akofá!
Logunedé, filho de Oxum e Oxóssi é o orixá da fartura e da riqueza Dizem que é o mais fLormoso dentre todos os orixás, além de ser um habilidoso caçador.
Devemos esclarecer que Logun Edé, não é um orixá que muda de sexo a cada seis meses, como dizem. Logum Edé é um orixá masculino que passa seis meses com o pai e seis meses com a mãe, perpetuando, assim, a sua meninice – Puer Aeternus.
Como a criança que altera o humor com facilidade, Logum Edé, é o orixá das surpresas, das contradições, do inesperado.
Os filhos desse orixá, além de possuírem grande beleza externa são amorosos, sensuais, reservados e calados, além de serem inconstantes e indecisos refletindo, assim, o seu caráter dual. Como os infantes sentem dificuldades na definição das coisas.
12) Yemojà (Yemanjá) – Erù-IYá, Odó Iyá
Yemanjá é a orixá mais cultuada no Brasil, independente da religião do devoto. Ela é a regente da maternidade e da fecundidade, alem de ser a tainha de todas as águas sejam dos rios, sejam dos mares. Por ser a mãe de todos e de tudo sua vulva e seus seios doloridos são sagrados.
Yemanjá é a mãe que educa, orienta e mostra aos filhos os caminhos a serem seguidos de acordo com as particularidades de cada um. Ela é o exemplo de conduta, tentando porém manter seus filhos sempre juntos de si.
Seus filhos são extremamente competentes, trabalhadores e dedicados àquilo que fazem, além de serem de uma correção impar adoram a organização e a limpeza. Como dão mais valor ao trabalho o sexo torna-se secundário para eles. Tendo um pequeno toque de falsidade na personalidade são , também, irritadiços e dramáticos ligando-se às pessoas por pura conveniência
13) Nàná Barukú (Nanã) – Salúba!
Quando o orixá primevo, Oduduá, separou as águas paradas e liberou do saco da criação a terra, proporcionou a formação da lama dos pantanais, proveniente da junção desses dois elementos. É nesses locais que se encontram os fundamentos de Nanã, que sintetiza a fecundidade, a morte e a riqueza. Nanã representa o nascimento, a vida e a morte, ou seja, ela é o princípio, o meio e o fim
A morte, pelo pavor que causa ao ser humano é a principal responsável pelo surgimento dos sentimentos religiosos em toda a humanidade. É nesse momento que Nanã se faz compreender, pois percebe-se que vida e morte caminham lado a lado.
Nanã é o barro do nascimento, a água da vida e a lama da morte, simboliza a força e o discernimento do feminino!
As filhas de Nanã, são pessoas de temperamento maduro. São lentas e firmes, porém bondosas; são simpáticas e tolerantes, porém implicantes. A limpeza extrema e o temperamento artístico, também são características dessas filhas.
14) Osáàlá (Oxalá) – Epa Bàbá!
Oxalá representa o poder gerador masculino, sendo o elemento importante do início da criação, pois continha a massa de ar e a massa de água para a formação de todas as criaturas, seja no Aye, seja no Orun.
Oxalá apresenta-se sob duas formas: Oxaguiã, o jovem e, Oxalufã, o velho.
Alheio a todo tipo de violência e disputas, Óxalá gosta da ordem, da limpeza e da pureza. É a síntese de toda criação universal.
De temperamento retraído e desconfiado, os filhos de Oxalá são indivíduos fechados em si mesmos. Têm uma necessidade enorme de reconhecimento esse sentem mal quando isso não acontece.
São conselheiros natos - e por isso, muitas vezes, recebem ingratidões durante o curso da vida -, generosos, tolerantes,irrepreensíveis, inflexíveis e íntegros. Também são incapazes de cometer uma mentira ou uma traição.
Embora introvertidos , observam tudo á volta e não se esquecem de nada. Jamais perdoam uma ofensa, porém nunca demonstram nenhum tipo de agressividade.